Pepito
José Domingues Sanz, o Pepito, nasceu em São Caetano do Sul, em 1958. Mudou-se para São José dos Campos na década de 1960 quando seu pai veio trabalhar na indústria automobilística que aqui se instalava. Formou-se em Comunicação Visual com especialização em Publicidade e Propaganda. Trabalhou em diversas agências de publicidade, teve uma passagem pela Prefeitura de São José dos Campos, mas foi no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais que trabalhou por mais tempo, até se aposentar.
Grande parte de sua fotografia está centrada na paisagem urbana. São destaques de seu portfólio as imagens de Paraty produzidas em 1981, 1982 e 2014 e a série de imagens com intervenções digitais, que ele chamava de pinturas digitais, as quais vinha se dedicando nos últimos anos.
Infelizmente deixou-nos precocemente. Seu acervo fotográfico ficou sob responsabilidade de sua filha Paloma, seu patrimônio afetivo restou no coração de tantos que não se pode contar. Esse artigo é uma forma de agradecer ao Pepito o amigo e profissional fantástico que ele foi. Nesse sentido, recolhi alguns depoimentos de amigos que tiveram significativa passagem na sua trajetória e dessa forma ampliar esse agradecimento e homenagem.
"Muitas histórias, muitas lembranças e apesar de horas de trabalho nas viagens e eventos não faltaram motivos para rir e tornar o trabalho mais prazeroso. Só tenho a agradecer por esse amigo tão querido ter feito parte da minha vida e hoje ele está num lugar especial no meu coração. Obrigada Pepe”
Mirian Vicente, funcionária aposentada do INPE.
“Foi um grande amigo e incentivador tanto na fotografia quanto na vida. Conheci o Pepito através da Yoga, e nossa amizade foi crescendo ao longo dos anos”.
Rogério Roveri, publicitário.
“Pepito foi uma pessoa incrível, de coração gigantesco. O conheci na década de 70, quando era fotógrafo na Prefeitura de SJCampos. Sua paixão sempre foi fotografar e, quando já estava trabalhando no INPE, fundamos uma ONG ambientalista, a qual demos o nosso recado para que SJCampos seja, de fato, uma cidade sustentável. Nos deixou cedo, pois ainda tinha muitos planos a serem realizados. É uma figura que a gente não esquece, pois deixou um grande legado”.
Ricardo Law, professor e ambientalista.
“Conheci o Pepito, quando fizemos umas ilustrações para o Centro de Visitantes do INPE, desde então sempre falamos sobre arte. O tempo faz tomar outros rumos, e eu havia parado de desenhar, quando reencontrei o Pepito em uma galeria de arte e ele me propôs fazer arte num barril de óleo, o motivo era livre, topei na hora... ele cobrindo o barril com foto digital e eu com pintura. Não tinha nem lugar para fazer essa pintura, quando ele cedeu sua garagem para tocarmos o desafio ... O que dizer do Pepito? Artista com obras incríveis, de um coração gigantesco, sempre pronto a ajudar”
Marcos Ramis, artista plástico.
“Ahhh quando penso no Pepito imediatamente meu coração se enche de alegria, poesia, arte, amizade, carinho, solidariedade, amor a vida e as pessoas! Ter um amigo como o Pepito é sentir que a vida vale a pena! Seu olhar através das lentes de sua máquina fotográfica nos trazia a beleza que ele enxergava através de sua alma. Ele conseguia transformar simples imagens em verdadeiras obras de arte. Sua arte encantadora, atravessou o atlântico e foi aceito para expor no Carrousel du Louvre em Paris. Isso o fez se sentir reconhecido e feliz. Mas o que importa, é que ele era a sua principal obra de arte! Quem conhecia seu coração e compartilhava das suas gargalhadas, do seu bom papo, da sua áurea espirituosa, do seu carinho e da sua sensibilidade, sentia que estava perto de um ser humano muito especial, um Grande Artista. Às vezes sua alegria era tão forte que o sorriso se misturava em lágrimas de emoção. Isso era contagiante e fazia a gente chorar também de alegria!”
Tita Selicani, artista plástica.
“Em meados dos anos 80, assim que o INPE passou para administração civil, tive oportunidade de ingressar como estagiário e estudante na área de sensoriamento remoto. Tive a sorte de ter uma mesa próxima ao setor de comunicação, onde Pepito (e Carlinhos) colocavam suas artes a serviço de comunicar visualmente esta nova fase da instituição para a sociedade. Era uma alegria visitá-los e ver o entusiasmo dos dois em aproximar arte e comunicação visual; me encantava a elegância gráfica do que produziam. Por volta de 1987, durante o período de formação da organização ambientalista Vale Verde, foi esta elegância em comunicação gráfica que Pepito trouxe para criar o símbolo da entidade, uma paisagem bem Valeparaibana, montanhas se sobrepondo em um gradiente de cores. Alguns anos depois, quando estava na coordenação do primeiro Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica (cooperação Fundação SOS Mata Atlântica e INPE), me lembro chegando ao INPE no fim do expediente com todas os mapas concluídos do Atlas, mas as capas que vieram do livreiro não estavam boas. Pepito disse, vamos lá pois temos uma noite inteira de trabalho pela frente; no dia seguinte, depois de atravessarmos a noite e muitas risadas, o Atlas foi apresentado no MASP. Andrea (minha esposa) sempre lembra das viagens e passeios inesquecíveis que fizemos com Pepito a Jureia, Rio Negro, Mantiqueira; Pepito parecia falar sozinho elogiando a beleza das plantas antes de fotografá-las. Outro dia achamos em uma gaveta um cartão de 1997, carinhosamente feito a mão pelo Pepito com uma foto que havia feito na Jureia em 1987 e endereçado a Andrea, Maira (nossa primeira filha) e a mim. Pois é caro amigo, ‘a natureza em harmonia perfeita com as cores, é lindo!’ Nós também temos você no nosso coração!”
Eduardo Sonnewend Brondízio, Professor de Antropologia da Universidade de Indiana.
“Tinha um olhar diferente para tudo talvez porque tinha uma deficiência visual... Enxergava o que não enxergávamos... Meu espanhol era um homem sem vaidade, sem materialismo, vivia com o essencial... Foi um grande privilégio tê-lo ao meu lado, tenho muito orgulho de ter sido escolhida ser sua companheira. Sua falta será eterna em meu coração...”
Isabela Ferri.